Embrapa Rondônia faz parcerias e testes para colheita semimecanizada do café no estado

Seg, 05 de Agosto de 2013 14:40
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A cafeicultura em Rondônia sempre foi considerada uma das principais atividades agrícolas do estado, sendo realizada por cerca de 40 mil pequenos produtores rurais (IBGE, 2006). No entanto, a mão-de-obra tem sido um grande limitante ao desenvolvimento da produção, tanto em quantidade como em qualidade, pois está cada vez menor, por conta de problemas como o êxodo rural e o envelhecimento da população do campo, fatores que são visíveis principalmente no período da colheita. 

Com foco nessa realidade, a implementação de técnicas que aumentem o rendimento das lavouras, a eficiência de colheita e a qualidade do trabalho em termos de segurança, conforto e fatores humanos está sendo avaliada pela Embrapa Rondônia, instituição participante do Consórcio Pesquisa Café, cujo programa de pesquisa é coordenado pela Embrapa Café. O projeto que prevê a execução dessas técnicas tem a parceria com instituições do Consórcio, como a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – Epamig, o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural – Incaper, Embrapa Agroindústria de Alimentos e Embrapa Café.

Existe um grande número de máquinas e equipamentos destinados à colheita do café. Entretanto, a maioria foi projetada para atuar em lavouras de Coffea arabica. No caso da cafeicultura no estado de Rondônia, que é o segundo produtor de café conilon (Coffea canephora) do País, essa adequação às condições específicas de produção se tornam ainda mais importantes.

De acordo com o pesquisador Enrique Alves, a colheita semimecanizada do café Canephora (Conilon e Robusta) pode ser uma alternativa viável para os produtores rondonienses. “As parcerias firmadas com as empresas de máquinas e equipamentos agrícolas Indústrias Colombo/Miac e Yanmar/Agritech propiciam a adequação e o desenvolvimento de tecnologias e equipamentos que, muito em breve, poderão ser utilizados pelo agricultor no seu dia a dia”, afirma o pesquisador.

Segundo ele, o objetivo é, a curto e médio prazo, avaliar o desempenho e a viabilidade da colheita semimecanizada em lavouras instaladas sob diferentes sistemas de manejo, condução e cultivares. “Também será estudado o efeito dessa alternativa à colheita manual sobre a produção e qualidade do café, assim como sobre a longevidade das plantas”, explica.

Parcerias e os primeiros testes - No mês de maio deste ano, a parceria entre Embrapa Rondônia, Indústrias Colombo/Miac e, posteriormente, com a Yanmar/Agritech proporcionou o início dos trabalhos para a colheita semimecanizada do café Canephora no estado. Estão sendo utilizados nos estudos colhedoras e equipamentos das Indústrias Colombo/Miac e o trator da Yanmar/Agritech, todos no Campo Experimental da Embrapa Rondônia em Ouro Preto do Oeste.

O fato de empresas como as Indústrias Colombo/MIAC e Yanmar/Agritech investirem em uma parceria com o setor público em prol da cafeicultura no estado demonstra a crença no potencial de Rondônia em se tornar um centro de excelência do café. “Características de relevo, clima e solo favoráveis sempre existiram e, atualmente, também contamos com a primeira cultivar desenvolvida para o estado, a BRS Ouro Preto. Poucas regiões do País têm tantas características favoráveis à cafeicultura como Rondônia. Agora, precisamos que a iniciativa privada, empresas de pesquisa e extensão, produtores e governo trabalharem em conjunto”, conclui o pesquisador.

Nos primeiros testes, realizados no município de Alta Floresta do Oeste (RO), foram feitas medições e, comparando com a colheita manual, o rendimento da máquina foi de aproximadamente cinco para um. Isso quer dizer que, considerando a máquina trabalhando com quatro operadores, ela tem potencial de fazer o trabalho de derriça de mais de 20 homens. “Entretanto muito trabalho ainda há de ser feito. É preciso um ajuste mais fino das máquinas, assim como um planejamento da implantação da lavoura e escolha de variedades com características desejáveis à colheita semimecanizada (porte e arquitetura da planta, homogeneidade de maturação e produtividade)”, detalha Enrique Alves.

As máquinas desenvolvidas pelas Indústrias Colombo/MIAC, recolhedoras e trilhadoras do café, são baseadas no sistema de podas e renovação anual e/ou periódicas das lavouras. Em que, os ramos provenientes das podas, contendo ainda os frutos, formam leiras que são trilhadas mecanicamente ou podem simplesmente alimentar as máquinas de forma manual. Essa forma de colheita semimecanizada possui grande potencial por utilizar máquinas mais compactas e de menor custo, além de não exigir a obrigatoriedade da adequação espacial das lavouras de café.

Avanços da cafeicultura no Brasil – Segundo o Informe Estatístico do Café - Dcaf/Mapa - a produção e a produtividade do café, em 1997, quando da criação do Consórcio Pesquisa Café, era de 2,4 milhões de hectares de área cultivada, com produção de 18,9 milhões de sacas de 60kg e produtividade de 8,0 sacas/hectare. Passados 16 anos, em 2013, de acordo com o segundo levantamento de safra da Companhia Nacional de Abastecimento – Conab (maio/2013), com praticamente a mesma área cultivada – 2,3 milhões de hectares - o País deverá produzir 48, 5 milhões de sacas, com produtividade de 23,8 sacas/ha.

Consórcio Pesquisa Café – Criado em 1997, congrega instituições de pesquisa, ensino e extensão localizadas nas principais regiões produtoras do País. Seu modelo de gestão incentiva a interação das instituições e a otimização de recursos humanos, físicos, financeiros e materiais. Foi criado por dez instituições: Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola - EBDA, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais - Epamig, Instituto Agronômico - IAC, Instituto Agronômico do Paraná - Iapar, Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural - Incaper, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento -Mapa, Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro - Pesagro-Rio, Universidade Federal de Lavras - Ufla e Universidade Federal de Viçosa - UFV.

 

Texto: Renata Kelly da Silva – Jornalista (MTb 12361/MG)
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