Organização Internacional do Café – OIC comemora 50 anos no Brasil

Qui, 22 de Agosto de 2013 17:53
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Diretor-Executivo da OIC, Robério Silva, fala do papel da Organização e da importância da Semana Internacional do Café, a ser realizada de 9 a 13 de setembro, em Belo Horizonte-MG

Este ano a Organização Internacional do Café – OIC, entidade representativa dos países produtores e consumidores de café em nível mundial, completa 50 anos. O Brasil foi escolhido para sediar a comemoração por ser o País maior produtor e exportador mundial e segundo maior consumidor. Em Belo Horizonte, a capital do estado brasileiro maior produtor, será realizada a Semana Internacional do Café, que incluirá, na programação, as reuniões ordinárias do Conselho da OIC e a 8ª edição do Espaço Café Brasil.

Delegados de 70 países-membros da Organização (entre embaixadores, ministros, chefes de Estado, secretários de agricultura e representantes da cafeicultura de diversos países) estarão na capital mineira para discutir a produção, rumos e tendências de mercado, melhoria de qualidade, tecnologias relevantes para o setor e instrumentos financeiros de sustentação do agronegócio café. Os países-membros da OIC representam 97% da produção mundial de café e mais de 80% do consumo do produto.

Os encontros da OIC são tradicionalmente realizados duas vezes por ano em Londres, sede da Organização. A escolha da capital mineira para a realização das reuniões ordinárias e dos eventos comemorativos dos 50 anos da Organização reflete o reconhecimento da importância de Minas Gerais e do Brasil no cenário internacional da produção e consumo de café. A Semana Internacional do Café será promovida pelo Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento - SEAPA, em parceria com a OIC, Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais - Faemg, Sebrae, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Mapa e Café Editora, promotora do 8º Espaço Café Brasil. 

Para falar um pouco da importância e da história da OIC, do presente e do futuro da Organização, além dos preparativos para a festa dos 50 anos, a Embrapa Café entrevistou o diretor-executivo da OIC, o brasileiro Robério Silva. O dirigente é economista, foi diretor da Associação dos Países Produtores de Café – APPC, Secretário de Produtos de Base, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC, e diretor do Departamento de Café – Decaf do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa, entre outras funções importantes que ocupou durante sua carreira profissional.

 

Embrapa Café - Poderia explicar como surgiu a OIC, como ela evoluiu do sistema de quotas e intervenção no mercado para o sistema de livre mercado?

Robério Silva - A OIC foi estabelecida em 1963 numa conferência convocada pelas Nações Unidas em resposta às flutuações dos preços e da oferta e da demanda entre os anos 30 e os anos 60 do século passado. Durante a Grande Depressão dos anos 30 e durante a Segunda Guerra Mundial, a oferta aumentou, a demanda diminuiu e os preços se mantiveram deprimidos. Nos anos do pós-guerra, porém, a demanda aumentou e o abastecimento se tornou insuficiente para satisfazer esse aumento. Entre 1950 e 1953, os estoques se mantiveram aquém das necessidades mínimas para os fins normais do comércio. A eclosão da Guerra da Coréia e más condições meteorológicas no Brasil exacerbaram essa situação e, em 1953, os preços se elevaram a níveis sem precedentes. Isso deu motivo a uma expansão substancial do plantio no mundo todo, seguida de excesso de produção. Os estoques cresceram e, na segunda metade dos anos 50 e início dos anos 60, os preços caíram drasticamente. Essa situação levou a uma iniciativa intergovernamental para tentar estabilizar o mercado e sustar a queda de preços, que vinha tendo graves conseqüências econômicas e políticas em numerosos países produtores de café da América Latina e da África. Após uma série de acordos de curta duração entre os países produtores, um Grupo de Estudos do Café foi constituído para considerar a negociação de um acordo que incluísse países tanto exportadores quanto importadores. Os trabalhos do Grupo culminaram com o Acordo Internacional do Café de 1962. Nos tempos atuais, não há espaço para quotas ou acordos para restringir a produção. Precisamos trabalhar na direção oposta, eliminar barreiras tarifárias e garantir livre acesso a mercados para o café e outros produtos que possibilitem a diversificação. Precisamos trabalhar ainda em nossos países para construir mecanismos de mercado que ordenem o fluxo das safras de forma a garantir abastecimento estável, que interesse a todos os elos da cadeia.

 

EC - Qual a missão hoje da Organização?

RS - A missão da OIC que o Acordo Internacional do Café - AIC de 2007 enuncia consiste em servir como fórum para a formulação de políticas e soluções para fortalecer o setor cafeeiro global, investigando e promovendo meios para conseguir o equilíbrio entre a oferta e a demanda, assim como preços justos tanto para os produtores quanto para os consumidores. Além disso, dar maior transparência ao mercado cafeeiro e possibilitar a tomada de decisões econômicas com base em dados precisos e tempestivos; incentivar o desenvolvimento e a divulgação de conhecimentos sobre a economia cafeeira mundial, tornando a OIC uma Agência de Desenvolvimento e Execução de Projetos de interesse dos membros; e promover um setor cafeeiro sustentável, a fim de contribuir para a consecução das Metas de Desenvolvimento do Milênio (propostas pelas Nações Unidas), em particular com respeito à erradicação da pobreza.

 

EC - Quais são os principais países-membros da OIC e os requisitos para o ingresso na Organização?

RS - Todos os membros da Organização são extremamente importantes para a OIC. Os mais proeminentes em termos de exportação e importação de café são: Brasil, Colômbia, Estados Unidos, Guatemala, Honduras, Índia, Indonésia, Suíça, Uganda, União Européia e Vietnã. Para ingressar na OIC, o Governo de qualquer país produtor ou consumidor de café ou organização intergovernamental que tenha competência exclusiva para negociar, concluir e aplicar o Acordo poderá aderir ao AIC de 2007.

 

EC - Poderia citar os dez maiores países produtores e consumidores de café?

RS - Os maiores produtores de café são: Brasil, Vietnã, Indonésia, Colômbia, Etiópia, Índia, México, Honduras, Peru e Guatemala. Os maiores consumidores são: EUA, Brasil, Alemanha, Japão, França, Itália, Rússia, Canadá, Etiópia e Indonésia.

 

EC - Quais as principais estratégias de atuação da OIC adotadas diante dos desafios enfrentados principalmente pelos países produtores?

RS - A OIC, na qualidade de Organismo Internacional de Produto Básico - OIPB designado para o café, responde pela apresentação formal de projetos ao Fundo Comum para os Produtos Básicos - FCPB. Como tal, ela também responde pela priorização, formulação e supervisão de projetos e pela busca dos participantes e, sobretudo, dos beneficiários visados. A OIC trabalha muito próxima do FCPB na instauração e implementação de projetos de desenvolvimento. Convido os leitores a lerem o documento “Estratégia de desenvolvimento para o café” (http://dev.ico.org/documents/icc-105-16p-strategy.pdf) para mais informações.

 

EC - E quais as principais políticas adotadas para manter equilíbrio entre oferta e consumo e fortalecer o desenvolvimento do setor cafeeiro no mundo?

RS - Entre os objetivos do AIC de 2007 cabe a OIC proporcionar um fórum para consultas, buscando entendimento com relação a condições estruturais dos mercados internacionais e das tendências de longo prazo da produção e do consumo que equilibram a oferta e a demanda e resultam em preços eqüitativos tanto para os consumidores quanto para os produtores.

 

EC - De que maneira a OIC busca resultados econômicos positivos para equalizar interesses de países exportadores e importadores?

RS - O objetivo do presente Acordo é fortalecer o setor cafeeiro global num contexto de mercado, promovendo sua expansão sustentável em benefício de todos os participantes do setor.

 

EC - Como se explicam os altos níveis de preços do café alcançados em 2011 e, em contrapartida, em 2013, os preços baixos cobrados muitas vezes até abaixo do custo de produção?

RS - De uma perspectiva mais ampla, vemos que os preços do café, representados pelo preço indicativo composto da OIC, caíram consideravelmente no transcurso de 2011/12. Depois de alcançar 231,24 centavos de dólar dos EUA por libra-peso em abril de 2011, seu nível mais alto desde 1977, o indicativo composto caiu constantemente, e então, a partir de abril de 2012, se estabilizou numa faixa de 145 a 160 centavos por libra-peso. Os preços dos vários grupos de café, porém, registraram uma evolução muito distinta em 2011/12. Durante a maior parte do período, as cotações dos Arábicas caíram, mas as dos Robustas se mantiveram relativamente firmes. Na verdade, os preços dos três grupos dos Arábicas (Suaves Colombianos; Outros Suaves; e Naturais Brasileiros e Outros Naturais) atingiram seu pico em abril de 2011 e, a partir daí, baixaram significativamente. De setembro de 2012 em diante, os preços dos Arábicas caíram 37% (Suaves Colombianos), 40% (Outros Suaves) e 39% (Naturais Brasileiros e Outros Naturais). Os preços dos Robustas também caíram, mas muito menos violentamente. Depois de alcançar seu nível máximo em maio de 2011, no final do ano cafeeiro de 2011/12 eles haviam caído 14%. Grande parte das quedas de preços de 2011/12 pode ser atribuída a uma normalização do abastecimento de café que, nos últimos anos, foi muito afetado por tempo inclemente em alguns países produtores. Reagindo à escassez de Arábicas Suaves, os torrefadores buscaram outras origens. O uso de Robustas em diferentes blends continua a crescer, e eles agora respondem por cerca de 40% da produção mundial.

 

EC - De que forma a OIC promove apoio aos países produtores nesses casos?

RS - Na verdade, a preocupação da OIC em relação ao assunto é constante e constitui um dos pilares do Acordo de 2007, cujo objetivo principal inclui promover o desenvolvimento do consumo e de mercados para todos os tipos e formas de café, inclusive nos países produtores de café. A Organização também incentiva os membros a desenvolver e implementar estratégias que ampliem a capacidade das comunidades locais e dos pequenos produtores de se beneficiarem da produção cafeeira, que pode contribuir para aliviar a pobreza; e facilita a disponibilização de informações sobre instrumentos e serviços financeiros capazes de ajudar os produtores de café, inclusive com respeito a acesso a crédito e métodos de gestão de risco.

 

EC - Quais as principais estratégias adotadas pelo OIC para estimular o aumento do consumo e a melhoria da qualidade do produto?

RS - Além de incentivar o aprimoramento da qualidade, através de seu Programa de Melhoria da Qualidade do Café (PMQC), a OIC criou um Plano de Promoção e Desenvolvimento de Mercado, que foi aprovado pelo Conselho em setembro de 2012 (http://dev.ico.org/documents/icc-109-13p-plan-promotion.pdf). O ponto focal das atividades previstas no Plano se deslocará da promoção do consumo de café para a promoção de valor e diferenciação por meio de uma rede de múltiplos participantes com duas metas estratégicas: promover o valor através da qualidade, saúde, sustentabilidade e diferenciação, construindo uma rede de múltiplos parceiros; e apoiar os países produtores na descomoditização do café via programas para o aumento dos retornos, centrados particularmente nos pequenos cafeicultores, com a OIC no papel de facilitadora e provedora de conhecimentos.

 

EC - A OIC trabalha em colaboração com outras organizações para ajudar a enfrentar questões como redução da pobreza em países produtores? Como tem sido esse trabalho e quais outros projetos a OIC apóia?

RS - Aos 15 de fevereiro de 2013, 38 projetos de desenvolvimento cafeeiro (http://dev.ico.org/documents/eb3942r1p.pdf), em valor total de cerca de US$105 milhões haviam sido aprovados pelo Fundo Comum para os Produtos Básicos - FCPB, que, contribuindo com US$55 milhões para seu financiamento, é seu principal financiador. O restante dos recursos necessários provém de instituições doadoras bilaterais e multilaterais, na forma de cofinanciamento (US$29 milhões), e dos países beneficiários, na forma de contribuições de contrapartida (US$21 milhões).

 

EC – A OIC tem alguma análise que aponte perspectivas da cafeicultura em nível mundial do ponto de vista da demanda e da oferta, bem como da competitividade dos países produtores?

RS - Recomendo a leitura do documento ICC-106-11, chamado “Perspectivas para o mercado cafeeiro 2010‐2019” (http://dev.ico.org/documents/icc-106-11p-outlook-2010-1019.pdf), e das conclusões da última Conferência Mundial do Café (http://dev.ico.org/documents/icc-105-4p-wcc-conclusions.pdf).

 

EC - Nesse contexto, quais países teriam potencial para aumentar a produção e em quais há previsão de aumento de consumo?

RS - O grande aumento do consumo no futuro deverá vir de países produtores e países emergentes. Principalmente de lugares sem tradição de beber café.

 

EC - Focando especificamente no Brasil, quais principais temas de interesse da cafeicultura serão discutidos durante a Semana Internacional do Café, em Belo Horizonte?

RS - As reuniões da OIC se realizarão no Expominas e farão parte da Semana Internacional do Café, que inclui uma feira internacional do café, a 8ª edição do Espaço Café Brasil. Nas reuniões da OIC eu desejo destacar, em especial, o 3º Fórum Consultivo sobre Financiamento do Setor Cafeeiro, que se concentrará no tema da agregação e produzirá importantes recomendações sobre financiamento e gestão de risco para o setor cafeeiro mundial.

 

EC - Quais as expectativas que a OIC tem em relação ao evento e seus possíveis desdobramentos em termos de formulação de novas políticas e estratégias da Organização?

RS - Vamos comemorar em Belo Horizonte meio século de existência da OIC, com o apoio entusiástico e muito apreciado do governador do Estado de Minas, Antônio Anastasia, e de outras autoridades locais. Teremos também a satisfação de contar com a presença de vários ex-diretores-executivos no evento. Essa comemoração é fundamental não apenas para celebrar essa data histórica, como também para reunir os membros da Organização e oferecer a possibilidade para refletir sobre as conquistas da OIC até agora e sobre o futuro da cooperação internacional em termos de café. O número esperado de participantes é muito significativo, sendo eles cafeicultores e representantes de governos e do setor privado dos 76 países Membros da OIC e de agências internacionais.

 

EC - Em 1997, no Brasil, foi criado o Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café, o qual congrega 45 instituições de pesquisa, ensino e extensão. Quais focos da pesquisa cafeeira que a OIC considera mais relevantes para serem desenvolvidos e/ou incrementados pelo Consórcio?

RS - A qualidade do café deve liderar qualquer lista que se faça. Dentro do tema qualidade encontram-se subjacentes o combate a pragas e doenças, o desenvolvimento de cultivares mais resistentes, a questão do teor de Ocratoxina A (OTA) no café e mais. Também é imperativo conhecer e disseminar cada vez mais os aspectos positivos do café em relação à saúde, continuar a desenvolver a tecnologia aplicada à produção e processamento e levar em conta o stress hídrico e demais aspectos ambientais.

 

EC - Na avaliação da OIC, os resultados das pesquisas cafeeiras desenvolvidas no Brasil pelo Consórcio Pesquisa Café têm refletido de forma positiva no setor produtivo e também no consumidor?

RS - O Consórcio Pesquisa Café vem desempenhando um papel-chave para a coordenação dos esforços de pesquisa do café no Brasil e agora pretendo trazê-lo para um esforço ainda maior, no âmbito internacional, como é a intenção do Mapa.

 

EC - A produção de café de alguns países da América Central está sendo afetada pela ferrugem. Como a Organização tem se posicionado nesse caso para tentar ajudar a minimizar esse tipo de problema?

RS - Eu visitei cinco países centro‐americanos afetados pelo atual surto de ferrugem do café, em cumprimento da Resolução 451 do Conselho Internacional do Café, que determina que os Membros da OIC mostrarão liderança no enfrentamento desta importante questão e apoio às ações nacionais e regionais que os membros centro‐americanos vêm empreendendo para combater a ferrugem do café. Os membros da OIC devem também apelar aos membros da comunidade internacional para que, por meio de mecanismos de cooperação pertinentes, ofereçam assistência aos países afetados. Entre as meios de assistência, entre outros, pode-se citar capacitação técnica, intercâmbio de informações e melhores práticas, assim como disponibilização de variedades de café resistentes à ferrugem. A Secretaria da OIC deve apoiar os países afetados com o propósito de enfrentar a crise causada pela ferrugem do café.

 

EC - O Congresso Nacional ratificou a adesão do Brasil ao Acordo Internacional do Café vigente, em 2010. A nova versão do Acordo, entre outras medidas, alterou a estrutura institucional da OIC com a extinção da Junta Executiva e criou três novos comitês: de Finanças e Administração, de Promoção e Desenvolvimento de Mercado e de Projetos. Nesse sentido, de que forma o Consórcio Pesquisa Café poderia ter uma articulação mais estreita com a agenda da OIC?

RS - Continuar seu excelente e imprescindível trabalho no campo da pesquisa cafeeira e manter a OIC, seus membros e o público mundial que acompanha o nosso site a par dos resultados inestimáveis que o Consórcio tem obtido.

 

EC - Nos últimos anos, observa-se uma verdadeira explosão de redes de cafeterias, o que tem mudado o cenário do consumo de café no Brasil e no mundo. A que a OIC atribui essa expansão e como avalia esse fenômeno particularmente no Brasil?

RS - Esse aumento pode ser atribuído à demanda cada vez maior nos mercados emergentes, ao consumo interno crescente nos países exportadores e à resiliência do consumo de café à atual crise econômica. No Brasil, o crescimento econômico, combinado com melhor distribuição de renda e taxas de desemprego relativamente baixas, tem estimulado o crescimento do consumo de café. Em muitos outros países também, a proliferação das cafeterias é uma prova do dinamismo do consumo.

 

EC - Pesquisas no Brasil e em outros países apontam benefícios do café para a saúde humana: a bebida atua na prevenção de doenças físicas, mentais e neurodegenerativas. Entre elas, diabetes, osteoporose, asma, alcoolismo, depressão e obesidade, Parkinson e Alzheimer. Também melhora a atenção, a memória e o aprendizado escolar. Sabe-se ainda que a bebida contém, além da cafeína, diversas substâncias importantes para o organismo, como minerais, niacina, antioxidantes, ácidos clorogênicos e quinídeos. De que forma a OIC está aproveitando esses atributos positivos do café para estimular o consumo em nível mundial?

RS - Sem sombra de dúvida, um obstáculo ao aumento do consumo são os temores, especialmente em certos países, acerca dos efeitos do café para a saúde. No entanto, há hoje um volume considerável de informações científicas sobre uma série de efeitos positivos do consumo de café em diversas áreas. A divulgação dessas informações pode contribuir de forma significativa para a expansão mundial do consumo. A OIC e a Federação Nacional dos Cafeicultores da Colômbia realizaram seminário sobre o café e a saúde em Cartagena, Colômbia, em setembro de 2003. O evento reuniu cientistas dos países produtores e consumidores e contou com a presença de cerca de 250 participantes de 60 países. A OIC disponibiliza no seu site uma página chamada “Café e Saúde” com informações atualizadas sobre as pesquisas mais recentes e sempre que possível enfatiza os efeitos benéficos do café.

 

EC - Por último, numa avaliação geral, quais as perspectivas que a OIC vislumbra para o futuro da cafeicultura no Brasil e no mundo?

RS - É importante notar também que o mercado interno dos países produtores tem crescido muito nos últimos 20 anos e, dentro desse segmento, o Brasil é destaque absoluto. Ele caminha a largos passos para ultrapassar os EUA nos próximos cinco anos e se tornar o maior consumidor de café do mundo. No contexto de seu programa de atividades, a Organização mantém um programa contínuo de cooperação técnica com a FAO, em particular para a elaboração de modelo econométrico para o setor cafeeiro mundial. Em resultado desse exercício colaborativo, a FAO preparou projeções revisadas relativas ao café, contidas no documento “Perspectivas para o mercado cafeeiro 20102019” (http://dev.ico.org/documents/icc-106-11p-outlook-2010-1019.pdf), para emprego como marco referencial pelos formuladores de políticas.

 

EC - Gostaria de acrescentar informações ou comentários não abordados ainda nesta entrevista?

RS - Gostaria de aproveitar a oportunidade e convidar os leitores a visitarem o site da OIC. Páginas constantemente atualizadas incluem informações sobre qualidade, saúde, participação no AIC de 2007, documentos correntes e históricos, relatórios mensais sobre o mercado cafeeiro e muito mais. Destacam-se a Seção de Informação (http://ico.heritage4.com/), que tem por meta constituir um provedor essencial de serviços de informação para a comunidade cafeeira global. Só em 2012 ela respondeu a mais de 2 mil consultas, provindas de uma rede global de usuários pertencentes ao setor, ao mundo acadêmico, a organizações não-governamentais e à mídia, recebeu mais de 532 mil visitas virtuais e deu apoio às atividades da própria Organização. A pesquisa continua a ser um importante elemento dos serviços da Seção e tem-se concentrado em uma série de tópicos como, por exemplo, gestão de risco, sustentabilidade, certificação, aplicações da ecologia à cafeicultura, obstáculos ao consumo, reexportações e o mercado do café solúvel. Outro recurso inestimável é a Seção de Estatística (http://dev.ico.org/coffee_prices.asp?section=Estatística). A vasta série de dados estatísticos históricos da OIC sobre café compreende dados anuais, trimestrais, mensais e diários, que remontam a 1964, relativos a exportações, importações, preços de mercado, preços pagos aos produtores, produção e estoques nos países exportadores e importadores. O valor do inigualável banco de dados da OIC é reconhecido por analistas de mercado, pesquisadores e pessoas ligadas ao mundo acadêmico, que o consultam freqüentemente para formular seus documentos técnicos, modelos econométricos e estudos sobre o mercado cafeeiro. As autoridades cafeeiras também usam especificamente os preços indicativos dos grupos de café da OIC como base para a determinação de pagamentos aos cafeicultores nos países produtores. Nos órgãos governamentais de comércio de países do mundo todo, por sua vez, as séries de dados da OIC são usadas no preparo de relatórios estatísticos sobre o café.

Mais sobre a OIC – Principal organização intergovernamental a serviço do café que une governos exportadores e importadores para enfrentar os desafios mundiais da cafeicultura, a OIC foi criada em Londres em 1963 como um braço da Organização das Nações Unidas (ONU). A missão da Organização é fortalecer o setor cafeeiro global e promover sua expansão sustentável em um ambiente baseado no mercado para o aperfeiçoamento de todos os participantes do setor cafeeiro.

 

Gerência de Transferência de Tecnologia

Texto: Flávia Bessa – MTb 4469/DF e Lucas Tadeu Ferreira – MTb 3032/DF

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