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Painéis discutem indicação geográfica e certificação, melhoramento genético e fertilidade de solo

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paineis-pA tarde do segundo dia de programação do VII Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil foi marcada pelos painéis de discussão que abordaram “Indicações Geográficas e Certificação”; “Novas Perspectivas para o Melhoramento Genético Convencional” e “Novos paradigmas de fertilidade de solo”, temas de grande interesse para o mercado de café no Brasil e que expressam uma tendência crescente do mercado consumidor por uma bebida diferenciada, tanto por sua qualidade superior quanto pela agregação de valores sócio-ambientais ao produto.

Para falar sobre certificação esteve presente o pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas – IAC Sérgio Parreira Pereira, que explicou que a certificação é impulsionada pela segmentação de mercado e pela diferenciação de produtos. “Certificar café é diferenciar mercado. O sistema agroindustrial do café internalizou de forma rápida esses conceitos e exigências e atualmente a certificação faz parte da realidade de muitas propriedades cafeeiras, comprovando o avanço da cultura nessa área”.

O pesquisador também enfatizou o importante papel do mercado. “Consumidores mais exigentes com a qualidade e a forma de produção e conscientes de seus direitos e do seu papel no sistema agroindustrial querem, cada vez mais, produtos, processos ou serviços em conformidade com os requisitos especificados, (como, por exemplo, alimento livre de resíduos, produzido em condições de trabalho salubres e higiênicas, com respeito ao meio ambiente e à saúde do consumidor), o que normalmente é feito por meio da certificação”, explicou. Para Parreira, em um mundo globalizado e com uma cafeicultura mais competitiva, a disseminação da certificação parece ser irreversível. “Vários programas de certificação de cafés sustentáveis, que incorporam a rastreabilidade como exigência, são colocados em prática por produtores de café em todo mundo. E o Brasil pode satisfazer ainda mais os consumidores porque é forte em pesquisa em café”.

Ainda sobre o tema certificação, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Mapa veio o fiscal federal agropecuário Sidney Almeida Filgueira de Medeiros, que atua na Coordenação de Produção Integrada da Cadeia Agrícola. Ele falou sobre “Produção Integrada Agropecuária – Certificação Oficial em Boas Práticas Agropecuárias”. Segundo ele, a Produção Integrada Agropecuária ou PI Brasil é um sistema de produção que gera alimentos e demais produtos de alta qualidade e seguros, produzidos em um ambiente de higiene e segurança do trabalho e mediante a aplicação de recursos naturais e regulação de mecanismos para a substituição de insumos poluentes, garantindo a sustentabilidade e viabilizando à rastreabilidade da produção agropecuária.

“Trata-se de um processo de certificação voluntária no qual o produtor interessado tem um conjunto de normas técnicas a seguir, construídas em parceria com a pesquisa, as quais são auditadas nas propriedades rurais por certificadoras credenciadas pelo Inmetro. Ao certificar, os produtores rurais terão chancela oficial do Mapa e do Inmetro de que seus produtos estão de acordo com práticas sustentáveis de produção e, conseqüentemente, mais saudáveis para o consumo, garantindo ainda menos impacto ambiental do que produtos convencionais e valorização da mão de obra rural”, explica Sidney.

“Entre as vantagens para o produtor podemos citar a produção de produtos de melhor qualidade e diferenciados; competitividade; permanência no mercado; organização da base produtiva; diminuição dos custos de produção; maximização do lucro; índice de resíduos de acordo com padrões brasileiros e internacionais. Nosso objetivo é elevar o consumo de produtos oriundos da Produção Integrada, ampliar a qualidade e a variedade de produtos no mercado e aumentar adesão dos produtores. Para isso, temos um conjunto de ações em processo, como promoção nacional e internacional; inserção de novas culturas; adequação do ambiente normativo; capacitação etc”.

Outro tema abordado no painel foi o registro de Indicação Geográfica (IG). Segundo a pesquisadora da Embrapa Café Helena Maria Ramos Alves, o país está apenas começando, com oito IGs concedidas, sendo duas para o café (Região do Cerrado Mineiro e Região da Serra da Mantiqueira de Minas Gerais), mas as perspectivas são promissoras. “Esta tendência revela uma mudança cultural, quando o setor produtivo começa a perceber que a diferenciação do café, aliada à história de seu povo, ao modo de cultivo e ao associativismo, podem agregar qualidade e valor ao café brasileiro”.

Segundo a pesquisadora, a IG representa o respaldo legal para o Brasil apresentar no cenário global a imagem de produtor de cafés dos diferentes biomas diferenciados por origens e sabores, estes influenciados pelas relações entre ambiente e planta. A pesquisadora também ressalta que o benefício que se busca com a IG não é apenas financeiro, mas carregado de aspectos sócio-histórico e culturais, como a organização da atividade, fixação do homem no campo, adoção de práticas sustentáveis, ampliação da qualidade do café produzido e, conseqüentemente, conquista de novos mercados. “Esses são alguns dos resultados esperados quando os produtores de uma dada região se organizam em torno de um projeto comum e, por meio do esforço coletivo para o reconhecimento de seu território, tornam-se mais competitivos para a conquista de um novo segmento”, enfatiza a pesquisadora.

O café da Microrregião da Serra da Mantiqueira de Minas Gerais recebeu este ano o selo de Indicação de Procedência e está investindo esforços para receber o selo de Denominação de Origem (DO). E conta, para isso, com o apoio imprescindível da pesquisa. “Trata-se de uma equipe multiinstitucional e multidisciplinar unida com o objetivo de dar embasamento técnico-científico para conformidade de padrão de identidade e qualidade dos cafés da Microrregião da Serra da Mantiqueira. Esperamos com esse trabalho conjunto termos a primeira DO para os Cafés do Brasil e um protocolo para a proposição de novas IGs de regiões produtoras de cafés do País”, diz a pesquisadora.

A pesquisadora também defende a IG para as mais diversas origens dos Cafés do Brasil por representar a apropriação por parte dos produtores do seu patrimônio. “Além disso, a geração do conhecimento científico e tecnológico, sua proteção e sua transformação em inovação são essenciais para o desenvolvimento econômico, social e cultural do nosso País. Ao valorizarmos as diferenças, estamos também contrabalançando o lado negativo da globalização”.

Na área de melhoramento do cafeeiro, a apresentação esteve a cargo do professor da Universidade Federal de Lavras - Ufla Magno Patto Ramalho. Entre os participantes do painel, melhoristas renomados das principais instituições de ensino e pesquisa do país. Como mensagem principal, a importância do melhoramento clássico do cafeeiro, bem como o incentivo aos jovens para que dêem continuidade às pesquisas nesta área. O painel teve a mediação da pesquisadora do Incaper, Maria Amélia Gava Ferrão.

O professor Magno Ramalho apresentou um breve histórico do melhoramento de plantas, com destaque para o legado do pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Alcides Carvalho. Apresentando diversas analogias, enfatizou a discussão atual sobre o conceito de gene e que a utilização de tecnologias biotecnológicas no melhoramento é mais complexa do que se imaginava.

Em concordância com os melhoristas presentes no painel, Ramalho destacou a importância de haver um equilíbrio de investimento e de talentos para que haja um programa de melhoramento integrado e associado às informações genealógicas dos experimentos. “Se você trabalha com plantas perenes, pense perenemente”, reforçou.

No painel – “Novos paradigmas de fertilidade de solo”, realizado também na tarde da quarta-feira, os professores José Laércio Favarin (USP) e Roberto Ferreira Novais (UFV) falaram para uma sala lotada de participantes interessados no tema. Foram abordadas muitas questões práticas sobre os cuidados com os solos das plantações cafeeiras, o uso, quantidade, forma de aplicação e combinações dos diferentes elementos que têm influência na fertilidade e nutrição do solo - como potássio, nitrogênio, fósforo, carbono e zinco -, bem como as conseqüências para a planta do café, suas folhas, ramos e frutos.

Os palestrantes também discutiram sustentabilidade, levantando como os cuidados com as emissões de carbono pelo solo podem contribuir para uma cafeicultura sustentável. Segundo Favarin, hoje a região da Zona da Mata emite 78% de CO2, seguida pelo Cerrado, responsável por 75% das emissões e da região Sul, com 50%, tudo isso devido ao uso de adubos nitrogenados. Para combater essa realidade, Favarin acredita que “os adubos orgânicos nitrogenados são a tendência”.

Sobre o evento - O VII Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil será realizado no Tauá Grande Hotel Termas e Convention, em Araxá (MG), de 22 a 25 de agosto. O evento é uma realização do Consórcio Pesquisa Café, com organização da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Universidade Federal de Lavras (Ufla), Universidade Federal de Viçosa (UFV) e Embrapa Café. Para mais informações, visite o site http://www.simposiocafe.sapc.embrapa.br.

Acompanhe ao vivo o evento pelo site www.consorciopesquisacafe.com.br.

 

Texto: Flávia Bessa, Cibele Aguiar e Cristiane Vasconcelos Foto: Cristiane Vasconcelos

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