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Dia Nacional do Café - Consórcio Pesquisa Café homenageia mulheres que contribuem para a cafeicultura no Brasil

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Na lavoura, na exportação, na formulação de políticas públicas e na pesquisa científica, entre outras áreas, as mulheres têm desempenhado papel de destaque e relevância no setor café

O Brasil é o maior produtor, exportador e o segundo consumidor de café em nível mundial. Além disso, os brasileiros têm verdadeira paixão por café. Tanto que, em 2005, a Associação Brasileira da Indústria de Café – Abic instituiu o dia 24 de maio como Dia Nacional do Café. A Abic, juntamente com Conselho dos Exportadores de Café do Brasil - Cecafé, Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil - CNA, Conselho Nacional do Café - CNC e Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel - Abics, representa o setor privado da cafeicultura no Conselho Deliberativo da Política do Café – CDPC, colegiado do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Mapa. A escolha do dia 24 de maio coincide com o início da colheita na maior parte das regiões produtoras do Brasil e não poderia deixar de ser celebrada pela Embrapa Café, coordenadora do Consórcio Pesquisa Café.

Nesta data especial para o mundo cafeeiro, nada mais justo do que prestar homenagem às mulheres que contribuem para promover a cafeicultura no Brasil. Cada vez mais numerosas nas principais regiões produtoras de café, nos demais elos da cadeia produtiva, como na indústria e na exportação e, também, na pesquisa de café, elas sempre tiveram papel fundamental no mundo cafeeiro, mesmo quando este ainda era predominantemente masculino. São inúmeros os exemplos de cafeicultoras, pesquisadoras e gestoras - mulheres líderes e guerreiras – que conquistaram espaço e obtiveram reconhecimento no mundo cafeeiro. Sensibilidade aguçada, inteligência, delicadeza e senso de organização são alguns dos ingredientes que as levaram a se dedicarem ao setor cafeeiro.

Em Minas Gerais, mulheres vencedoras - Em 2013, por exemplo, pela primeira vez, duas mulheres consagraram-se campeãs no concurso de qualidade Cup of Excellence, promovido pela Associação Brasileira de Cafés Especiais - BSCA, em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos – Apex-Brasil e a Alliance for Coffee Excellence - ACE. Marisa Coli Noronha, campeã do 14º Concurso de Qualidade Cafés do Brasil, Cup of Excellence - Early Harvest, e Cínthia Dias Villela, vencedora do 3º Concurso de Qualidade Cafés do Brasil, Cup of Excellence - Late Harvest. Ambas as vencedoras nasceram no ambiente do café, herdaram fazendas da família e assumiram o controle das atividades.

Para Marisa Noronha, “Consagrar-se vencedora do principal concurso de qualidade destinado ao café cereja descascado ou despolpado é uma sensação inexplicável”. Assim se sente ao recordar o feito. “Em um País que, até o início do trabalho de promoção realizado pela BSCA e seus parceiros, era conhecido como produtor de quantidade e não de qualidade, é extremamente gratificante saber que fazemos parte de um nicho que vem mudando esse conceito”.

Para Cínthia Vilela, investir em qualidade é um diferencial que agrega valor ao café, em especial nos momentos cíclicos de crise, como o vivenciado recentemente, quando os custos de produção ultrapassaram o valor pago pela saca colhida. “O café especial traz retorno financeiro melhor, pois tem um nicho de clientes específicos, admiradores do bom café, que estão dispostos a pagar mais por essa qualidade. Em termos econômicos, ela acrescenta que os cafés especiais, sem dúvida, demandam mais investimentos, mas também cita que eles compensam, apesar de a saca ficar, em média, de 20% a 30% mais cara. “O retorno financeiro conseguido com essa qualificação é considerável”.

No Paraná, conquista de mais espaço - O Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do Paraná – Emater – PR, parceiro do Consórcio Pesquisa Café tem promovido encontro de mulheres do café do Norte Pioneiro do Paraná e realizado reuniões com grupos de mulheres da região para repassar orientações técnicas sobre a colheita e o preparo do café. A preocupação dos extensionistas, além da produção de café de qualidade, é com a melhoria das condições de vida da família das cafeicultoras. O trabalho faz parte das atividades de organização da cadeia da cafeicultura, que tem forte parceria com a Associação dos Produtores de Cafés Especiais e Certificados do Norte Pioneiro - ACENPP e Cooperativa dos Produtores de Cafés Especiais e Certificados do Norte Pioneiro – COCENPP, formadas por dezesseis núcleos de cafeicultores nas cidades da região. Por meio desse trabalho, já foram conquistados alguns avanços como a certificação 4C, a Indicação Geográfica e exportação de cafés, além da Certificação Fair Trade (Comércio Justo).

Participação da mulher na economia em geral - Pode-se dizer que presença da mulher na cafeicultura é reflexo do crescimento da participação na agricultura em geral e nos demais setores da economia. Segundo dados divulgados na 6ª Edição da Pesquisa Comportamental e Hábitos de Mídia do Produtor Rural Brasileiro 2013/2014, realizada quadrianualmente pela Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio (ABMR&A) e lançada em 14 de maio, em São Paulo, aumentou o número de mulheres no comando das propriedades rurais. Os dados, levantados em parceria com o IPSOS Media CT, revelam que a participação das mulheres no campo, atualmente, é de 10%. Na edição de 1998/1999, esse número era de apenas 1%, em 2003/2004, foi para 3% e saltou para 7% em 2009/2010. De acordo com pesquisa da ABMR&A, isso reflete o que acontece nas cidades. A participação da mulher no mercado de trabalho cresce a cada ano.

Homenagens da Embrapa Café - Para homenagear essas e tantas outras mulheres, e também as que trabalham no Consórcio Pesquisa Café e na Embrapa Café, que lutam dia a dia para promover a cafeicultura e manter suas famílias, selecionou-se algumas para representar esse numerosa conjunto de mulheres do café no Brasil. Conheça, em ordem alfabética, um pouco de cada uma delas, o que fazem e pensam a respeito do papel da mulher na sociedade.

Cláudia Marinelli - Coordenadora geral de planejamento e estratégias do Departamento do Café do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa. Há 12 anos na equipe do Departamento do Café do Mapa, Cláudia coordena uma equipe formada somente por mulheres. Juntas, atuam com representantes do governo e dos segmentos que compõem o setor cafeeiro na formulação de políticas, incluindo desenvolvimento de ações e projetos custeados com recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira - Funcafé. “O caminho mais rápido para mudar a sociedade é o de mobilizar as mulheres do mundo”, disse Cláudia, citando Charles Malik. Ela acredita que a participação feminina pode e muito contribuir para a cafeicultura brasileira. Porém, acredita que as mulheres, em virtude de suas habilidades, competência e sensibilidade, deveriam ter mais reconhecimento. “Ainda deparamos com preconceitos contra as mulheres, mas felizmente esse quadro vem mudando e devemos acreditar que um dia viveremos em um mundo de igualdade de gêneros”. No Dia Nacional do Café, seu recado para as cafeicultoras é o seguinte: “não desistam de lutar pelos seus ideais, continuem se dedicando às suas atividades com paixão, determinação e competência. A busca pelo conhecimento e informações precisa ser contínua”.  

Eveline caixeta - Pesquisadora da Embrapa Café na Universidade Federal de ViçosaUFV. Doutora em Genética e Melhoramento pela UFV / Michigan State University e pós-doutora em Genômica de Plantas pela University of Kentucky, Eveline trabalha como pesquisadora da Embrapa Café desde 2002. Sua paixão pela cultura é antiga, começando na infância, na pequena propriedade de café de seus pais, onde teve contato com todas as etapas de cultivo. Seu trabalho é realizado em parceria com a UFV e Epamig na área de melhoramento genético, fitopatologia e biotecnologia. Eveline conta que, juntamente com essas instituições, foram desenvolvidas 10 cultivares resistentes à ferrugem, entre as quais destacam-se as recentemente lançadas: Paraíso MG 419-1, Oeiras MG 6851, Catiguá MG1 e Catiguá MG3, sendo que esta, além de apresentar resistência à ferrugem, também é resistente ao nematoide Meloydogena exígua. A sua equipe implantou, ainda, um grande banco de germoplasma e desenvolveu diferentes métodos de controle da ferrugem e outras doenças do cafeeiro. “Acredito que um dos principais diferenciais da cafeicultura brasileira é o desenvolvimento tecnológica gerado pelas pesquisas científicas. Sabemos que grande parte dos avanços da cafeicultura brasileira estão relacionados a grandes investimentos em pesquisas em áreas importantes. Essas pesquisa têm contribuído para o aumento da produção e produtividade, bem como para diversificação dos cafés do Brasil e a melhoria da qualidade do produto, o que inclui qualidade do café, da vida dos produtores e trabalhadores e do ambiente “, conclui

Flávia Barbosa Paulino da Costa - Gerente de exportação da área de comercialização da Exportadora de Café Guaxupé. Neta de um apaixonado por café, Flávia cresceu no mundo cafeeiro, vendo a família trabalhar. Formada em Administração de Empresas pela Universidade de São Paulo – USP, chegou a trabalhar no mercado financeiro como administradora de recursos. No entanto, depois de 7 anos, rendeu-se ao café, voltando para casa decidida a aprender o mais que pudesse com o avô Carlos Paulino, que é presidente da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé Ltda. Para Flávia, a cultura brasileira mudou bastante. “Hoje as famílias querem uma renda extra e a contribuição feminina é fundamental para isso. Acredito que a participação mais acentuada da mulher no dia a dia contribuirá muito para o avanço no caminho da sustentabilidade e para os processos de certificação na cafeicultura”. Seu apelo às mulheres cafeicultoras é para que continuem prestando atenção aos detalhes, o que faz muita diferença, seja na qualidade final do café ou no menor custo de produção.

Helena Maria Ramos Alves - Pesquisadora da Embrapa Café na Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – Epamig. Doutora em Ciência do Solo e Avaliação da Terra pela University of Reading, no Reino Unido, Helena trabalha com café há 16 anos, quando entrou para a Epamig. Foi em 2002 que entrou para a equipe da Embrapa Café. Hoje, trabalha com o uso de geotecnologias para a caracterização de ambientes cafeeiros, mapeamento do uso e ocupação da terra com ênfase nas áreas ocupadas pela cafeicultura em Minas Gerais e a criação de bancos de dados geográficos para o armazenamento, apresentação e disponibilização dos resultados obtidos via web. Helena e sua equipe estão finalizando projeto que avalia a distribuição espacial de cafés especiais na região da Serra da Mantiqueira de Minas e sua relação com o ambiente. O projeto fornecerá subsídios necessários para a obtenção de uma Denominação de Origem - DO para a região que, entre outros benefícios, objetiva a agregação de valor ao produto. Para Helena, a mulher pode ter um papel importante na manutenção da cafeicultura familiar, atividade ameaçada de várias maneiras. A pesquisadora acredita que a participação feminina seja crucial para a adoção de tecnologias que visam à sustentabilidade ambiental da cafeicultura e ao aumento da qualidade na produção cafeeira - principalmente no que diz respeito à produção de cafés especiais, em contraponto ao café commodity da produção empresarial. Seu recado às mulheres cafeicultoras veio em tom de elogio: “elas estão de parabéns e o País tem muito a agradecer pelo trabalho que realizam”.

Maria Amélia Gava Ferrão - Pesquisadora da Embrapa Café no Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural - Incaper. Doutora em Genética e Melhoramento Vegetal pela Universidade Federal de Viçosa – UFV, Maria Amélia é pesquisadora, desde 1985, quando ingressou no Incaper. Mas sua participação mais efetiva com a pesquisa de café ocorreu a partir da criação do Consórcio Pesquisa Café, em 1997. Trabalha com melhoramento genético de café arábica e conilon no Estado do Espírito Santo. Os principais resultados obtidos foram: a recomendação de 16 cultivares de café arábica e a participação efetiva no desenvolvimento e lançamento de seis variedades de café conilon (cinco clonais e uma de propagação por sementes) - sendo que as cultivares clonais Centenária, Diamante e Jequitibá foram lançadas em 2013. Conheça-as aqui. “No Espírito Santo, a atividade café é desenvolvida na maioria dos municípios por produtores e produtoras de base familiar. No Estado, as mulheres estão presentes no dia a dia da agricultura, contribuindo para o desenvolvimento rural e impulsionando a permanência das famílias no campo. Atualmente, ela vem participando gradativamente no gerenciamento dos negócios da propriedade e da família. As ações rurais estão sendo mais compartilhadas entre maridos, mulheres e filhos. Paralelamente, as mulheres estão participando de diferentes eventos de capacitação rural. Em muitas situações, o marido assume outras atividades e a mulher é a responsável pela maioria das atividades de campo da propriedade”, disse Maria Amélia. Ela espera, contudo, que a mulher seja reconhecida e valorizada - e que esta não perca a serenidade e o “olhar permanente para a família”, de forma a mantê-la unida. No campo, espera que a mulher trabalhe de forma integrada com a atividade café e outras promissoras para o desenvolvimento da propriedade rural e sustentabilidade familiar.

Marília Bonas - Diretora-executiva da Associação dos Amigos do Museu do Café. Com mestrado em Museologia Social pela Universidade Lusófona de Lisboa e especialização em Museologia, com ênfase em História e Patrimônio de São Paulo – pela USP, Marília traçou uma trajetória de estudos que complementam perfeitamente o trabalho que exerce hoje. Como diretora executiva da Associação dos Amigos do Museu do Café, Marília atua, desde 2010, diretamente na área de patrimônio do café. Para ela, há uma importante participação feminina ao longo da história do café. “Na lavoura, nas várias etapas de processamento, na figura das catadeiras ou cerzideiras, a mulher sempre foi fundamental para a cadeia do café – ainda que historicamente pouco valorizada. Com a emancipação feminina, a mulher passou a ocupar também espaços de decisão, com qualidades como a visão global e de longo prazo das empreitadas nas quais se envolvem”. Marília conta, ainda, que trabalha com várias mulheres poderosas, que conseguem se dedicar com toda a entrega necessária a seus desafios profissionais e ainda dar conta de jornadas de serviço doméstico, estudo e filhos - na maior parte das vezes, com pouco apoio familiar. “As mulheres do café historicamente são uma mostra dessa força e todas devemos nos lembrar disso cotidianamente, seja no ambiente profissional ou familiar”, conclui.

Vanúsia Nogueira - Diretora-executiva da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA). Vanúsia Nogueira está há 20 anos no setor e pode dizer que nasceu quase debaixo de um pé de café. Filha e neta de produtores e importantes profissionais do setor, é com amor e dedicação que ela segue se destacando frente à diretoria executiva da BSCA. Com um toque de Vanúsia Nogueira, a mudança de percepção do mundo quanto à qualidade do café brasileiro aconteceu e o Brasil conquistou espaço no mercado de cafés Fair Trade, já contando com mais de 6.000 famílias envolvidas no País. Influenciando diretamente a melhoria da qualidade de vida do produtor brasileiro, bem como o reposicionamento do produto no mercado, principalmente internacional, ela tem seus feitos muito bem reconhecidos pelo setor, porém acredita que há muito por fazer para o correto posicionamento do café brasileiro nos mercados internacional e nacional.

No Dia Nacional do Café (24 de Maio), o Consórcio Pesquisa Café e a Embrapa Café desejam sucesso e prosperidade a todas as mulheres que, de maneira direta e indireta, contribuem para o crescimento do setor cafeeiro no Brasil.

Para saber mais sobre a Embrapa Café e o Consórcio Pesquisa Café acesse:

http://www.consorciopesquisacafe.com.br/

http://www.sapc.embrapa.br/

 

Gerência de Transferência de Tecnologia

Texto: Carolina Costa – MTb 7433/DF e Flávia Bessa – MTb 4469/DF, com informações adaptadas da Emater-PR, Revista Cecafé (edição de março), site da BSCA e da Equipe SNA/ SP

Fone: (61) 3448-1927/1979

Site: www.embrapa.br/cafe www.consorciopesquisacafe.com.br