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Começa o VII Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil

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abertura-pO VII Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil foi aberto na noite desta segunda-feira, 22 de agosto, em Araxá (MG). Os resultados de trabalhos desenvolvidos há 14 anos pelo Consórcio Pesquisa Café foram ressaltados na abertura do evento que vai discutir o cenário atual e as perspectivas futuras do agronegócio café brasileiro. “Este evento que está sendo realizado é uma construção coletiva das instituições consorciadas”, destacou o presidente da comissão organizadora do Simpósio, Gladyston Rodrigues Carvalho.

Na cerimônia de abertura, foram apresentados dois novos serviços do Consórcio: o portal na internet (www.consorciopesquisacafe.com.br) e o vídeo institucional de apresentação desse arranjo. Também com apoio do Consórcio Pesquisa Café, foram lançados os livros “Café Arábica – Da colheita ao consumo”, da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais - Epamig, e “Infraestrutura mínima para produção de café com qualidade – opção para cafeicultura familiar” de autoria do pesquisador da Universidade de Viçosa, Juarez Souza e Silva.

O presidente da Embrapa, Pedro Arraes, abriu a cerimônia falando que o Consórcio Pesquisa Café, criado há 14 anos por iniciativa de 10 instituições de pesquisa das principais regiões produtoras, é um arranjo fantástico no sentido de unir esforços e competências em prol do agronegócio café brasileiro. “Neste momento, é hora de definir focos prioritários, uma agenda estratégica para os próximos dez anos, além de enfocar fortemente nos gargalos e investir em parcerias público-privadas”.

O secretário da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa), Elmiro Nascimento, disse que este é um momento de muita importância para o café de Minas Gerais. O secretário destacou a posição de Minas Gerais no contexto do agronegócio nacional: “Hoje Minas Gerais detém quase 13% do agronegócio brasileiro e o agronegócio representa um terço da riqueza gerada em nosso Estado. O agronegócio está fazendo Minas crescer cada vez mais e o café sempre foi o carro chefe do agronegócio mineiro. O café é o segundo maior produto de Minas, perde apenas para a mineração”. O secretário concluiu parabenizando os participantes do Simpósio: “Parabéns a vocês que cada vez mais estão fazendo um café com mais qualidade. Debates como os que certamente vão acontecer aqui são muito importantes para que tenhamos o melhor café do mundo”, finalizou.

O presidente da EPAMIG, Antônio Lima Bandeira, falou também em nome das instituições organizadoras do Simpósio, instituições comprometidas com a causa do agronegócio café: “Todas as instituições sempre realizaram a sua missão com total dedicação, total compromisso. Em nome dessas instituições agradeço a confiança do Consórcio Pesquisa Café, que nos deu a honra de organizarmos este Simpósio”. Bandeira ratificou a fala do diretor-presidente da Embrapa, Pedro Arraes, em relação ao fortalecimento do Consórcio Pesquisa Café: “Concordo com Pedro Arraes e digo que temos que redefinir, repensar o papel do Consórcio para que ele atue de forma mais ampla e participativa”, concluiu o presidente da Epamig.

O prefeito de Araxá, Geová Moreira da Costa, falou da honra em receber este evento na cidade, pois “a história do café passa por Araxá”, segundo ele. E destacou: “Precisamos fazer aquilo que o líder maior de Minas Gerais, o governador Antonio Anastasia, tem preconizado: Nós precisamos agregar valor ao que produzimos; precisamos trabalhar para manter e superar o Brasil como maior produtor de café do mundo. Mas as ações têm que ser conjuntas: municípios, estados e governo federal. O nosso desafio continua transformar o conhecimento em capital financeiro para todos”, concluiu o prefeito de Araxá.

Por fim, a conferência oficial de abertura do evento discorreu sobre “Articulação em redes de pesquisa e novas fronteiras do conhecimento” e foi proferida pelo professor associado da Fundação Dom Cabral (FDC) e coordenador do Núcleo de Gestão em Agronegócio da FDC, Alberto Duque Portugal.

Portugal iniciou sua fala destacando o modelo inovador do Consórcio Pesquisa Café, criado com uma visão à frente do seu tempo formando alianças estratégicas para enfrentar os desafios complexos na área de ciência e tecnologia, o que tem permitido à pesquisa em café acompanhar as mudanças da economia do conhecimento e da inovação. “O conhecimento tem uma dinâmica de produção que tende ao infinito. O desafio hoje, no que diz respeito ao universo das redes de pesquisa, é dominar áreas que estão na fronteira do conhecimento como biotecnologia, nanotecnologia e microeletrônica, aplicando-as à cadeia do café, e estreitar laços com o mercado, produtores e associações. Nesse processo, devemos estar atentos às possibilidades oferecidas pelas redes sociais”, apreciou o conferencista.

O conferencista também traçou um paralelo entre a realidade e perspectivas do agronegócio brasileiro, sua produção, crescimento e importância, com os desafios do Consórcio Pesquisa Café, como arranjo focado na produção de demanda para o mercado mundial. Para Portugal, a tendência que se observa atualmente, de crescimento da população urbana em detrimento da população rural e da concentração da produção, ainda pode ser revertida com iniciativas que prendam o homem ao campo, garantido renda e sustentabilidade para seus negócios.

O Consórcio Pesquisa Café entra como importante componente nesse momento, a partir da geração não só de pesquisa, mas, acima de tudo, de inovação. Entre os assuntos abordados, Portugal destacou os desafios de macro tendência do agronegócio café: renda, subsídio, capacitação contínua, multidisciplinaridade, qualidade do produto, impactos da economia etc. “Sem renda, por exemplo, fica difícil para o produtor inovar, que é uma exigência cada vez maior do mercado. Além disso, nesse processo de inovação é necessário levar os resultados da pesquisa ao cafeicultor. Demonstrar que existem tecnologias ou sistemas de produção rentáveis e acessíveis”, diz o professor.

Presença de autoridades - Estiveram presentes o reitor da Universidade Federal de Lavras (Ufla), Antonio Nazareno Guimarães Mendes, o diretor executivo da Organização Internacional do Café, José Dauster Sette, e o presidente da Emater-MG, Maurílio Soares Guimarães, entre outros.

Mais sobre o evento – Serão apresentados de cerca de 350 trabalhos científicos. “É uma oportunidade de reunir a comunidade científica envolvida em trabalhos com café, de forma a propiciar um fórum muito especial para a reavaliação das linhas de pesquisa, identificação de problemas emergentes e a formação de equipes multidisciplinares de pesquisa. Além disso, ao reunir também os diversos setores do agronegócio café, torna-se excelente ambiente para a integração das indústrias e do setor privado da produção à pesquisa, quer seja pela identificação de demandas, quer seja pela formação de parcerias estratégicas”, destaca o gerente geral da Embrapa Café, Paulo César Afonso Junior.

O objetivo é divulgar e discutir os avanços conseguidos no desenvolvimento de conhecimentos, tecnologias e produtos em prol do agronegócio café e prospectar demandas de pesquisa futura. A programação conta com apresentação de seis palestras, cinco mini-cursos para atualização tecnológica, dez painéis de discussão de temas relevantes para a pesquisa, além de apresentação de trabalhos científicos e lançamento de livros.

Estão presentes renomados pesquisadores e expoentes do agronegócio para a discussão de diversos temas de destaque na atualidade cafeeira. O evento já faz parte da agenda brasileira de desenvolvimento científico e tecnológico desde 2000, quando foi realizado o primeiro evento pelo Consórcio Pesquisa Café.

 

Texto: Flávia Bessa, Cristiane Vasconcelos e Rose de Oliveira