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Simpósio de pesquisa traz novas tecnologias para produtores de café do Brasil

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minicurso-pColheita mecanizada, soluções potenciais para o controle da broca do cafeeiro e manejo ecológico pós-colheita foram temas dos minicursos realizados nesta quarta-feira, 24 de agosto, durante o VII Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil, em Araxá (MG). A programação do segundo dia do evento também incluiu palestras, painéis de discussão e visita técnica em fazenda produtora de café da região.

O professor da Universidade Federal de Lavras (Ufla), Fábio Moreira da Silva, apresentou custos e perspectivas para a colheita mecanizada. Segundo ele, a mecanização agrícola aumentou a capacidade produtiva da mão de obra, que atualmente é escassa no setor cafeeiro. Para o professor, não há como retroagir nessa tendência da mecanização, pois, embora o produtor tenha perdas com o uso de máquinas, o custo da colheita mecanizada é muitas vezes menor que a manual.

Algumas vantagens da colheita mecanizada foram abordadas durante o minicurso, como: reflexos diretos na qualidade da bebida uma vez que quanto mais rápido for a colheita mais se mantém a qualidade da bebida; custo operacional menor; maior eficiência no uso da mão de obra e a possibilidade da manutenção da qualidade do grão de café. Entretanto, o professor também alertou para o bom uso das máquinas: “Alta vibração e velocidade baixa da máquina podem prejudicar o cafeeiro”, informou. Para o produtor de café da região Mogiana e do Cerrado Wagner Ferrero o maior desafio da mecanização no café é a perda de café do chão, a varrição. “Estamos buscando alternativas, novas tecnologias. Acreditamos que a pesquisa possa contribuir para isso”, disse. Segundo Fábio Moreira há três anos a Ufla desenvolve pesquisas nesse segmento e alguns bons resultados já foram alcançados. “Conseguimos reduzir a média de 14% de perda de café do chão para 7%, apenas regulando a velocidade da esteira e o posicionamento das recolhedoras”, avaliou.

Os pesquisadores Júlio César de Souza da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e Vera Lúcia Benassi, do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), apresentaram soluções potenciais para controle da broca do cafeeiro durante minicurso. Segundo eles, a época de trânsito da broca é o “ponto-chave” no controle. Segundo Júlio três meses após a maior florada, as fêmeas da broca abandonam os frutos infestados e vão perfurar frutos maiores, os chumbões, mas não colocam ovos. “A broca coloca ovos somente 70 dias depois da maior florada. Portanto, o produtor terá esse tempo para monitorar e se preciso, usar inseticida para matar a mãe e evitar o ciclo”, alertou. De acordo com o participante do minicurso, Luiz Carlos Arcan, pesquisador do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), também estão sendo desenvolvidos estudos no Paraná nessa área. “Pesquisamos controle biológico, usando um fungo e armadilhas para atrair a broca”, explicou. Os pesquisadores informaram que o grão infestado com a broca fica deformado e prejudica na qualidade da bebida, e, portanto, o produtor dever estar atento para não perder na sua lavoura.

Os participantes do minicurso “Manejo ecológico pós-colheita” puderam conhecer tecnologias desenvolvidas pela instituição de pesquisa colombiana Cenicafé apresentadas pelo engenheiro agrônomo Carlos Eugênio Tascón. Ele mostrou a  máquina que faz separação de frutos verdes sem utilização de água. Segundo Tascón, com essa tecnologia pode ser separado 99% dos frutos verdes. A máquina já está disponível para comercialização. No Brasil, há também máquina que consegue bom resultado na separação de frutos verdes. Especialista em demucilagem de café, Carlos Eugênio também apresentou fundamentos de demucilagem mecânica do café, técnicas de aproveitamento da polpa e da mucilagem com minhocas. Carlos falou sobre café de qualidade, mas com um apelo ecológico, visando à redução da contaminação ambiental.

Outras atividades – Também integrou a programação do Simpósio uma visita técnica à Fazenda São Matheus, em Araxá. Os participantes puderam conhecer, em 203 hectares, as variedades de café Mundo Novo, Acaiá, Catuaí, Topázio e Rubi, além do sistema de irrigação por gotejo e mecanização da propriedade. Para o produtor José Antônio de Oliveira, a visita foi uma excelente oportunidade. “É uma fazenda modelo. Percebi a mentalidade aberta do proprietário e o nível de excelência da sua fazenda”, elogia. A programação deste segundo dia do VII Simpósio contou ainda com apresentação de trabalhos de técnicos de diversas instituições brasileiras com os seguintes temas: umidade do solo, potencial hídrico foliar e fotossíntese em cafeeiros submetidos a diferentes níveis de radiação; água residuária do café; efeito de fungos no biocontrole de nematoides e na nutrição fosfatada do cafeeiro; histopatologia da infecção de Colletotrichum gloeosporioides em folhas e frutos destacados do cafeeiro; produtividade de cultivares de café no cultivo orgânico na Zona da Mata de Minas Gerais; qualidade sensorial e coloração do café beneficiado armazenado em embalagens herméticas.

Já na sessão de pôsteres foram reunidos mais de uma centena de trabalhos divididos em focos temáticos do Programa Pesquisa em Café do Consórcio Pesquisa Café: Alternativas para Cafeicultura Familiar; Café e Saúde; Cafeicultura Irrigada; Melhoria dos Processos de Colheita e da Pós-colheita; Preservação Ambiental e Desenvolvimento Econômico e Social; Riscos Físicos, Químicos e Biológicos à Cafeicultura

O VII Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil termina nesta quinta-feira (25/08). A programação completa por ser acessada através do site www.simposiocafe.sapc.embrapa.br. O evento é uma realização do Consórcio Pesquisa Café, com organização da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Universidade Federal de Lavras (Ufla) e Universidade Federal de Viçosa (UFV) e co-organização da Embrapa Café.

 

Texto: Samantha Mapa
Foto: Erasmo Reis

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