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Café e coração: pesquisa aponta que bebida não afeta pessoas com doenças coronárias

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Fruto8-pHá quatro anos a Unidade Café e Coração, instalada no Instituto do Coração de São Paulo (InCor) desenvolve pesquisas integrantes do Consórcio Pesquisa Café, com foco no consumo de café. A criação desse núcleo aconteceu a partir da parceria entre InCor e Embrapa Café. A parceria também apoiou a execução do projeto de pesquisa coordenado pelo médico e pesquisador Luiz Antonio Machado Cesar que vem avaliando os efeitos do café sobre variáveis que envolvem o sistema cardiovascular. Segundo ele, considerando os estudos realizados até hoje, não há evidências que o café seja ruim para pessoas com problemas no coração.

Para se chegar ao conhecimento dessas evidências, a equipe do projeto acompanhou diferentes grupos de 20 voluntários, entre pessoas consideradas saudáveis e pessoas com doenças coronarianas, chegando a mais de 110 voluntários até o momento, com expectativa de alcançar 150 pessoas até o final da pesquisa em dezembro de 2012.  Durante os estudos, cada voluntário passou por três baterias de exames, que consistiam em: avaliar a pressão arterial em 24 horas, avaliar o comportamento da pessoa durante exercício físico em esteira, avaliar o comportamento das artérias (chamado de Reatividade vascular), avaliar a presença ou ausência de arritmias no coração em 24 horas e efeitos provocados em dosagens de diferentes substâncias no sangue, como o açúcar e colesterol, por exemplo.

“Até então, havia uma ideia generalizada de que café fazia mal a saúde e pessoas com problemas no coração não poderiam consumir a bebida”, recordou Luiz Cesar, acrescentando que os estudos já realizados em outros países sobre o tema utilizavam cerca de 500 mg de cápsulas de cafeína e não café. Para a pesquisa brasileira, o coordenador desenvolveu uma metodologia diferente. Na primeira semana, os voluntários se consultaram com a nutricionista da equipe e receberam uma dieta que eliminava, a cada semana, alimentos com cafeína, inclusive o café. “Ao final da terceira semana, eles voltavam aqui sem nenhuma cafeína na alimentação e faziam a primeira bateria de exames”, conta o pesquisador.

Em seguida, a pesquisa deu início ao consumo de três a quatro xícaras grandes de café ao dia. Cada voluntário recebeu uma cafeteira, filtros de café e o mesmo pó de café, selecionado devido à qualidade e recomendação da Abic. “Mas nós também queríamos saber se o tipo de torra do café também influenciava na saúde das pessoas”, lembrou Luiz Cesar. Por isso, os estudos foram feitos com cafés de torras diferentes, uma mais clara e outra mais escura. Por sorteio, decidiu-se quais voluntários começariam o estudo com o café de torra escura e quais iniciariam com a torra mais clara. Dessa forma, durante outras quatro semanas, cada voluntário consumiu o tipo de café determinado no sorteio e, ao fim desse período, novos exames foram feitos.

Na última etapa de exames, cada voluntário trocou o tipo de torra que estava consumindo e mais quatro semanas se passaram fazendo o consumo da segunda opção de torra. Por fim, a terceira bateria de exames foi feita e os resultados comparados. Segundo o médico pesquisador, “não houve nenhuma evidência de que o café fez mal tanto aos pacientes saudáveis quanto aos que tinham problemas coronarianos”. Foi detectado apenas um leve aumento no colesterol, “pacientes que tinham 140 de colesterol, passaram para 148”, exemplificou, “mas esse aumento aconteceu nos dois tipos de colesterol, no chamado bom e no ruim”.

Em relação ao tipo de torra, percebeu-se que a torra mais escura não alterou a pressão arterial.  Uma pequena influência aconteceu na pressão com a torra mais clara. “Acreditamos que essa diferença se deu porque quando o café é torrado durante mais tempo, ficando mais escuro, sobram menos radicais fenólicos (ácidos clorogênicos), enquanto na torra mais clara, de menos tempo, restam mais dessas substâncias”, explicou o coordenador.  “É possível que haja substâncias no café que interfiram na pressão arterial, aumentando a pressão quando a torra é mais clara. E isto pode ser o motivo de estudos diferentes anteriores terem demonstrado tanto aumento, quanto diminuição da pressão em consumidores de café. O tipo de torra pode ter influenciado. Mesmo que os radicais fenólicos sejam bons, alguns podem aumentar a pressão”.

O resultado parcial da pesquisa, alcançado até agora, demonstrou boas evidências, para o médico Luiz Cesar, mostrando que nenhuma alteração que poderia trazer malefício a doentes coronarianos foi sentida. “Não houve interferência na glicemia, nem houve taquicardia ou arritmia de nenhum voluntário”. Muitos desses resultados já foram apresentados em congressos nacionais e internacionais.

Além do apoio na criação da Unidade Café e Coração do InCor, a Embrapa Café foi importante apoio com a destinação de recursos para que todos os exames pudessem ser realizados, explicou o coordenador. Para Luiz Cesar, com os sucessos obtidos nos últimos quatro anos, o objetivo agora é levar a pesquisa adiante até o fim do prazo do projeto, em dezembro deste ano. “Até lá pretendemos chegar a cerca de 150 voluntários na pesquisa”. Além disso, o médico já pensa em novos recursos para continuidade dos estudos. “É importante que haja essa continuidade. As perguntas sempre serão feitas e cabe a nós a busca por respostas.”

 

Área de Comunicação & Negócios da Embrapa Café
Texto: Cristiane Vasconcelos (MTb 1639/CE)
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