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Pesquisa agrícola no RJ busca retomar produção e incrementar qualidade do café

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Pesquisas conduzidas pela Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro – Pesagro-Rio com recursos do Consórcio Pesquisa Café têm colaborado para, a curto e médio prazo, melhorar o padrão tecnológico da tradicional cafeicultura fluminense na produção de café e aumentar a produtividade sem aumento da área cultivada. Esses estudos foram iniciados em 1997, com a criação do Consórcio, e buscam também a revitalização de lavouras e a indicação de manejo adequado para uma produção de melhor valor agregado e qualidade, exigência tanto do mercado interno quanto externo. O Consórcio é coordenado pela Embrapa Café – Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento – Mapa.

 “Até o momento conseguimos bons resultados, como o aumento da produtividade minimizando os custos de produção e melhoria da qualidade do café e da situação socioeconômica; estímulo a pequenos e médios produtores para formação de lavouras com espaçamentos adequados, uso da irrigação, conservação de solos e do meio ambiente e capacitações em gestão empresarial, mercado, comercialização e marketing”, adianta o pesquisador da Pesagro Wander Eustáquio de Bastos Andrade.

Café adensado – Projeto de pesquisa em andamento que investiga as vantagens dessa prática de manejo, considerada a principal alternativa para a modernização e o incremento produtivo da cafeicultura fluminense. Além disso, o sistema permite intensificar a utilização das áreas montanhosas, característica da topografia da região cafeeira do Rio de Janeiro, de interesse para pequenas propriedades que utilizam intensamente a mão-de-obra familiar. Os estudos demonstram que pela adoção do sistema de plantio adensado é possível obter alta produtividade por área, redução do custo de produção e retorno de curto prazo do investimento na implantação do cafezal. Entretanto, resultados da pesquisa obtidos na região Noroeste da região mostraram que é necessário certo limite, já que o super adensamento não é favorável à produtividade do café.

 “De fato, a principal vantagem dessa técnica é obtenção de altas produções de café em curto prazo, que tende a cair à medida que o cafeeiro se desenvolve e aumenta a competição entre as plantas, sendo necessário, a partir daí, o uso da poda. Assim, os ganhos iniciais de produção obtidos com os espaçamentos mais adensados podem ser anulados devido à realização da poda. Essa evidência sinaliza para a necessidade de se prever um bom manejo de podas para cafeeiros adensados”, detalha o pesquisador.

Mais vantagens – Também são elencadas ganhos em aumento de produtividade a curto prazo com retorno mais rápido do capital investido; menor área requerida para plantio devido ao melhor aproveitamento das áreas mais favoráveis à cafeicultura; melhoria das propriedades químicas e físicas do solo devido à concentração de matéria orgânica e melhor aproveitamento desses nutrientes graças à manutenção da umidade nas camadas superficiais pelo sombreamento e melhor distribuição do sistema radicular; menor gasto no controle de plantas daninhas pelo sombreamento da área e melhor proteção do solo em áreas declivosas, diminuindo processos erosivos.

Irrigação por gotejamento – Realizada em café conilon no Norte Fluminense tem obtido resultados positivos em produtividade, devido não só à disponibilização tecnológica, mas às mudanças climáticas ocorridas. Segundo resultados de unidade de observação conduzida em Campos dos Goytacazes, com o uso da irrigação foi observado maior número de grãos por roseta e, consequentemente, maior número de grãos por ramo produtivo. Saiba mais aqui.

Segundo Wander Eustáquio, para o aumento da produtividade agrícola e da eficiência do uso da água, a técnica da irrigação por gotejamento, por si só, não garante esses benefícios imediatos para a cultura do cafeeiro. O manejo da irrigação, bem como as técnicas agrícolas, como o controle da umidade do solo, da adubação, da salinidade, das doenças e insetos, e a seleção de cultivares podem proporcionar efeitos significativos na produção por área e por água consumida, bem como na qualidade do produto final. “O custo inicial pode ser mais elevado em relação a outros métodos de irrigação, no entanto, a maior eficiência no uso da água e na aplicação de fertilizantes, em conjunto com a economia no uso da mão de obra, representam vantagens econômicas relevantes em médio prazo, o que tornam a irrigação por gotejamento vantajosa para o produtor rural”, explica o pesquisador.

Projetos encerrados – Depois da criação do Consórcio Pesquisa Café, há mais de 15 anos, a Pesagro, como instituição fundadora e consorciada, realizou levantamento do estado nutricional e da fertilidade do solo em cafezais de arábica e conilon da região Noroeste, Norte e Serrana do Rio de Janeiro que resultou em recomendações de boas práticas para uma produção com melhor qualidade e a menores custos. Isso porque os trabalhos na área de fertilidade do solo e nutrição de plantas permitiram identificar, nas principais regiões de produção, os nutrientes em menor disponibilidade para as plantas. Visando à revitalização da cultura do café no estado e à oferta de informações técnicas ao setor produtivo, também foi feito zoneamento agroclimático. Com esse estudo - uma espécie de mapa de aptidão climática para a cafeicultura do estado para minimizar riscos de perdas de produtividade e/ou qualidade decorrentes de estiagens, excesso térmico ou hídrico - verificou-se que, para o café arábica, existem 42% de áreas aptas, 5% aptas irrigadas e 53% de áreas inaptas. Para o café robusta foram mapeados cerca de 38% de áreas aptas, 26% de áreas aptas irrigadas e 36% de áreas inaptas.

Estudos conduzidos com irrigação no café conilon no Norte Fluminense mostraram que a produtividade aumentou de 13 sacas de café beneficiado por hectare (sem irrigação) para 52 sacas de café beneficiado por hectare com o uso da prática. Com a colaboração de instituições parceiras, houve ainda pesquisa de produção de mudas enxertadas de novos genótipos de café para contornar os danos provocados por nematóides da espécie Meloidogyne exigua. O trabalho testou cultivares de café e, ao mesmo tempo, avaliou o desenvolvimento dos cafeeiros enxertados, ou não, para orientação de projetos voltados para a produção de mudas de café e, assim, incrementar a produtividade dessa cultura no Estado do Rio de Janeiro.

Recursos de ordem estadual também possibilitaram a introdução e avaliação de cultivares para teste de ferrugem nas condições edafoclimáticas locais. Investimentos do Consórcio Pesquisa Café também foram empregados na transferência e difusão de tecnologias com o objetivo de capacitar técnicos e produtores e fazer circular informações científicas. Para isso, foram realizadas excursões técnicas, seminários técnicos e científicos, dias de campo, articulações para realização dos eventos, reuniões técnicas e participações em evento nacionais.
 
O café no Rio de Janeiro - O estado foi importante produtor de café, chegando a produzir cerca de 60% de toda a produção nacional até 1900. Hoje sua produção é pouco significativa em relação à média nacional. Em 2010, a cafeicultura fluminense teve área colhida de 12.940 ha, com maior concentração de cultivo na região Noroeste, que tem 74% da área colhida, seguida da região Serrana, com 24%. Predomina a espécie arábica em cerca de 95% das propriedades. Estão envolvidos na atividade cerca de 1.300 produtores, com área média de exploração de 10 ha. A atividade gera mais de 8.500 postos de trabalho, sendo 3.900 fixos e demais volantes. Em contrapartida, o mercado interno do Rio de Janeiro consome 1.350.000 sacas de 60 kg de café beneficiado por ano. Esse mercado é o segundo maior do Brasil, perdendo apenas para o Estado de São Paulo. Esse consumo interno é abastecido por meio de produções vindas dos principais estados produtores: Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Paraná, Bahia e Rondônia.

Cafeicultura de montanha – A cafeicultura fluminense é explorada em áreas declivosas, em que a principal característica é o uso de mão de obra nos tratos da lavoura, uma vez que a mecanização da cultura fica dificultada. Essa dependência de mão de obra eleva o custo de produção, pois a cada dia se torna mais cara e mais difícil de encontrar. Além disso, favorece a escolha por sistemas de produção mais competitivos. Esse cenário demanda continuamente soluções tecnológicas para resolver impasses.

Consórcio Pesquisa Café - O Brasil desenvolve o maior programa mundial de pesquisas em café, o Programa Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café. Essa rede integrada de pesquisa é possível graças ao Consórcio Pesquisa Café, que reúne dezenas de instituições brasileiras de pesquisa, ensino e extensão estrategicamente localizadas nas principais regiões produtoras do País. Seu modelo de gestão incentiva a interação entre as instituições e a união de recursos humanos, físicos, financeiros e materiais, que permitem elaborar projetos inovadores. A evolução da cafeicultura brasileira, ao longo dos últimos anos, comprova a importância dos trabalhos de pesquisa.

Esse arranjo institucional atua em todos os segmentos da cadeia produtiva, tendo por base a sustentabilidade, a qualidade, a produtividade, a preservação ambiental, o desenvolvimento e o incentivo a pequenos e grandes produtores. Hoje reúne mais de 700 pesquisadores de cerca de 40 instituições, envolvidos em 74 projetos dos quais fazem parte 355 Planos de ação.

Foi criado por iniciativa de dez instituições ligadas à pesquisa e ao café: Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola - EBDA, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais - Epamig, Instituto Agronômico - IAC, Instituto Agronômico do Paraná - Iapar, Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural - Incaper, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Mapa, Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro - Pesagro-Rio, Universidade Federal de Lavras - Ufla e Universidade Federal de Viçosa - UFV.

As pesquisas do Consórcio Pesquisa Café contam com o apoio e o financiamento do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira – Funcafé, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa.

 

Gerência de Transferência de Tecnologia da Embrapa Café

Texto: Flávia Bessa – MTb 4469/DF

Contatos: Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo. e (61) 3448-1927

Site: www.embrapa.br/cafe

www.consorciopesquisacafe.com.br